terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço II


O “Porto – Lisboa”
O Nosso Balanço
2 – As Tertúlias: Ribeiro da Silva
A primeira das 4 tertúlias teve lugar em 25/10/2008, dia da abertura da II Semana do Ciclismo em Alcobaça. Ribeiro da Silva, falecido há 50 anos foi o tema da tertúlia. O local, como sempre, o “Café Tertúlia”.
Entre os presentes contavam-se quatro sobrinhos de Ribeiro da Silva, bem como o irmão Fernando e um dos grandes amigos Nelson Lopes que se deslocaram propositadamente a Alcobaça.
Foi uma tertúlia muito animada onde se falou dos feitos de Ribeiro da Silva mas, sobretudo, de quem ele era como pessoa, dos seus defeitos e virtudes.
Foram exibidos, pelos familiares e pelo amigo, alguns objectos pessoais, fotografias e cartas por ele escritas que muito enriqueceram a tertúlia.
Todos ficámos a conhecer melhor quem foi Ribeiro da Silva e sobretudo considerámos que foi oportuno e importante recordá-lo. Aos familiares e sobretudo ao irmão Fernando e ao amigo Nelson Lopes agradecemos tudo o que de novo nos trouxeram. Para a sobrinha Maria João Silva vai um agradecimento muito especial pela ajuda que nos deu, obtendo os materiais para a exposição e ainda pela presença e intervenção na tertúlia! Aquele abraço, Maria João!
Ribeiro da Silva merecia, a nosso ver, que, no 50º aniversário da sua trágica morte, alguém mais importante que o Alcobaça Clube de Ciclismo se lembrasse dele e fizesse uma homenagem nacional àquele que, tendo competido apenas até aos 22 anos de idade, conseguiu ser um dos cinco ou seis mais importantes ciclistas portugueses de sempre. Para recordação dos presentes e inveja dos que lá não estiveram incluímos algumas fotografias da tertúlia.


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo



De Portugal - 50 Anos de Ciclismo


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo
De Portugal - 50 Anos de Ciclismo

(acima: aspectos da sala, vendo-se, na Mesa, 1ª foto, Maria João Silva, Timóteo de Matos e Nelson Lopes)
Para que todos melhor possam conhecer Ribeiro da Silva e, com a devida vénia, deixamos uma pequena biografia retirada de um opúsculo, editado pela Fundação “A LORD”, bem com algumas fotografias do ciclista.
RIBEIRO DA SILVA, UM CAMPEÃO LORDELENSE
José Manuel Ribeiro da Silva, conhecido entre os amigos pela alcunha de “quarta-feira”, nasceu em Lordelo, lugar de Soutelo, em 16 de Fevereiro de 1935. Cresceu no seio de uma família numerosa, sendo o do meio de um conjunto de oito irmãos.
Seguindo de perto a referência que sobre o ciclista faz a publicação comemorativa dos 75 anos do Académico Futebol Clube, vemos que começou cedo a trabalhar. Com 10 anos trabalhava já na fábrica de móveis de seu pai, em Frazão, freguesia limítrofe do concelho de Paços de Ferreira e vizinha de Lordelo.
Mas o gosto pelo desporto, muito especialmente pelo ciclismo, também começa a entusiasmá-lo desde muito cedo. No entanto, apenas aos 15 anos começa a entrar em provas desportivas, mas só aos 17 participa na sua primeira corrida oficial, na categoria de populares: em Pinheiro Manso (Porto), tendo conseguido classificar-se entre os cinco primeiros concorrentes. Participou depois na corrida “Porto – Trofa”, em que obteve também uma excelente classificação. Continuou a progredir e a correr. Participa também numa prova em Valongo onde conseguiu obter um avanço de 8 minutos em relação ao seu rival mais próximo, ainda na categoria de populares.
Começou então a tentar inscrever-se num clube onde pudesse treinar e aprender mais sobre a modalidade que praticava. Não conseguiu alistar-se no Futebol Clube do porto, mas em 1953 o Académico Futebol Clube recebeu-o e apoiou-o, tendo obtido com isso, enormes vitórias.
Nesse mesmo ano, no Campeonato Regional de Juniores ganhou duas das três provas, e só não venceu a primeira por ter dado uma queda, já dentro da pista do estádio do “Lima”. Nessa época as provas eram ganhas por pontos e não por tempos, o que levou a que não tenha conquistado um Campeonato Regional. Assim, nesse mesmo ano passou à categoria de Independente no clássico “Porto – Lisboa”, classificando-se em 9º lugar.
No ano seguinte obteve o 2º lugar no Campeonato Nacional de Ciclismo e nesse mesmo ano surge o convite para participar na “Volta a Pontevedra”, prova onde confirmou as suas qualidades, como grande ciclista em estrada e montanha, tendo-se classificado em 5º lugar e vencido o Prémio da Montanha da referida Volta. Aqui se bateu com o já consagrado ciclista Loronõ, e de outros grandes ciclistas espanhóis. Inicia-se assim a sua divulgação internacional.
Nesse mesmo ano vence o Circuito de Paços de Ferreira.
Em 1955, com apenas 20 anos, obteve várias vitórias:
Campeão Regional de Fundo, Vencedor do Circuito de Santo Tirso, 2º Classificado nos Campeonatos Regionais de Velocidade e vencedor absoluto da “Volta a Portugal”, obtendo o 3º lugar no Prémio da Montanha.
No ano seguinte, em 1956, fica em 2º lugar na “Volta a Portugal”. Em 1957, com apenas 22 anos de idade, consegue um dos momentos mais brilhantes da sua curta carreira, ao vencer a prova “Paris – Evreux”, integrada na “Volta a França”, uma das mais importantes a nível internacional, e que consistia em correr uma distancia de 160 kms. Correu a uma média horária de 41,379 Kms. Nesta prova, vence o famoso Tourmalet. De referir que Anquetil, o vencedor da volta, foi rebocado no Tourmalet e Aubisque por Ribeiro da Silva, quando se sentia em dificuldades. A imprensa estrangeira fez largas apreciações a este desportivismo de Ribeiro da Silva. Participaram também nesta corrida os portugueses: Alves Barbosa e Artur Coelho.
Continua a sua carreira brilhante, e torna-se Campeão Regional de Estrada, vencedor do Prémio da Montanha da “Volta a Pontevedra”, classificando-se à frente dos famosos Trueba e Bahamontes. Nesta prova participaram também vários portugueses, entre os quais Alves Barbosa e Luís Gonzaga.
É também o 1º estrangeiro na “Volta a Espanha”, classificando-se no 4º lugar. Durante a corrida Ribeiro da Silva sofreu de várias pequenas enfermidades, mas prosseguiu com coragem.
Nesta “Volta a Espanha” participaram também os seguintes ciclistas portugueses: Alves Barbosa, Carlos Carvalho, João Marcelino, Joaquim Carvalho, Sousa Santos, Agostinho Ferreira, José Firmino, Artur Coelho e Manuel Graça.
De todos estes ciclistas, apenas chegaram ao fim Ribeiro da Silva, Alves Barbosa, Agostinho Ferreira, que foi intitulado como o Campeão da coragem, dadas as condições em que correu quase sempre, o mais penosamente que é possível conceber-se. À chegada ao Porto, a população consagrou Ribeiro da Silva e Agostinho Ferreira, recebendo-os apoteoticamente. Em 1957, o Académico consegue vencer a “Volta” colectivamente, tendo Ribeiro da Silva ganho a Volta e o Prémio da Montanha. Ribeiro da Silva estabelece novo recorde da Volta, que teve a duração de dezoito dias.
Percorreram-se 2.694 Kms, tendo Ribeiro da Silva vencido com 80h 22m. Ribeiro da Silva venceu, também, o Prémio da Montanha com 36 pontos.
Por deliberação de 12 de Junho de 1957, a Associação de Ciclismo do Norte galardoou José Manuel Ribeiro da Silva, com a medalha de ouro.
A 9 de Abril de 1958 morre Ribeiro da Silva, com 23 anos, vítima de um brutal acidente de viação, na recta de Lagoas, Lousada.

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