terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço V




O Nosso Balanço
5 – As Tertúlias: O ciclismo em Alcobaça
Foi esta, como já era esperado, a tertúlia mais participada, quer em número de presenças, quer no número de intervenções dos presentes. Fernando Vieira era o “Homem do Dia” nesta sexta-feira da “II Semana do Ciclismo em Alcobaça” e nessa qualidade esteve presente na mesa.
Também na mesa, Timóteo de Matos, Presidente do Clube, abriu a sessão com breve introdução sobre o tema desta sessão, ao mesmo tempo que anunciava a presença na sala de duas pessoas muito especiais: o Presidente da Real Federação Espanhola de Ciclismo, Fulgêncio Sanchez, e Maria Soares, esposa do antigo director do Benfica, José Soares, já falecido, que durante anos chefiou o departamento de ciclismo daquele clube. Passou de seguida a palavra a Fernando Vieira que historiou a sua carreira no Benfica e a sua vinda para Alcobaça onde, com Timóteo de Matos, iniciou o ciclismo a sério, com uma equipa de Seniores B, patrocinada pela Nutrigado, no fim dos anos 70 e início dos anos 80.
A assistência interveio com perguntas para melhor saber como tinha Fernando Vieira conhecido a esposa, Margarida Vieira, presente na sala, e como era a vida de um casal em que o marido se dedica durante tanto tempo ao ciclismo.
A intervenção de Margarida Vieira colheu muitos aplausos sobretudo ao concluir com: “ tudo isto se deve ao grande amor que temos um pelo outro”! Outro dos grandes momentos da noite foi a intervenção de Maria Soares relembrando os tempos em que ela e o marido suportavam quase tudo no ciclismo do Benfica, desde o avançar de dinheiro até ao levantar de madrugada para fazer panelões de comida para os ciclistas. E a sala aplaudiu e emocionou-se quando, para terminar, se dirigiu a Fernando Vieira:
“- Anda cá meu malandro, anda cá, que te quero dar um grande abraço!”
Foram depois, pela noite, relembrados outros episódios: a interrupção do “Porto – Lisboa” em Alcobaça em 10 de Junho de 1982, cuja história é contada noutros textos deste blog, as edições do Circuito de São Bernardo, um do melhores e mais concorridos circuitos do País, e os anos mais recentes do ciclismo em Alcobaça, primeiro com a Associação Alcobacense de Cultura e Desporto e depois com o Alcobaça Clube de Ciclismo.
A sala voltou a entusiasmar-se e a aplaudir quando o Presidente da Real Federação Espanhola de Ciclismo, Fulgêncio Sanchez, dirigiu a todos algumas palavras de incentivo, agradecimento e aplausos, referindo a dado momento: “Hoje o ciclismo está bem vivo e estará sempre, enquanto pessoas como estas teimarem em transmitir aos outros o entusiasmo com que o vivemos”.
Continuou, ainda, a sessão, com entusiasmo e em festa e prolongou-se pela noite com a PGM a tomar declarações e imagens para exibição na televisão. A dado momento entrou na sala, acabado de chegar do aeroporto, Eric Leman, ciclista belga que em 1968 ganhou o “Porto – Lisboa” e houve ainda tempo para uma cerveja entre amigos e oportunidade para um alegre convívio e mais dois dedos de conversa.
Desta tertúlia, a todos os títulos memorável, ficam algumas fotografias e fica aqui também, mais uma vez, o agradecimento ao Dr. Jorge Pereira de Sampaio e aos pais pela amável cedência daquele espaço tão bonito que é a sala de café do Café Tertúlia, onde sempre tão bem nos receberam.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço IV


O Nosso Balanço
4 – As Tertúlias: Nicolau e Trindade


Decorreu na 4ª feira, 29 de Outubro. A organização temia uma participação menor já que, por circunstâncias diferentes, quer Ana Maria Nicolau, quer José Trindade, filhos, respectivamente, de José Maria Nicolau e de Alfredo Trindade, não puderam estar presentes.


Mas correu exactamente ao contrário. Após breve introdução, feita pelo coordenador da Organização, Timóteo de Matos, resumindo a actividade desportiva dos dois ciclistas, entrou-se num debate vivo sobre o fair-play no desporto e ainda sobre o ciclismo em Portugal, até à actualidade.

Não ficaram de fora as preferências clubísticas e recriou-se na sala um Benfica – Sporting bem jogado em palavras, sempre bem disposto, onde talvez tenham levado a melhor os apaniguados do Nicolau por disporem do Diamantino Faustino e do Rui Alexandre dois elementos muito aguerridos, enquanto da outra parte, o José Carlos, estando na mesa usou de maior contenção e o José Félix também não se mostrou com grande propensão para disputas renhidas.

Fernando Vieira, antigo ciclista e treinador do Benfica, teve também duas ou três intervenções onde explicou a diferença entre o ciclismo antigo e o actual.

Encerrou-se a sessão havendo muito mais a acrescentar já que, com o avançar da noite, se foi entrando no preâmbulo do tema da Tertúlia seguinte, o ciclismo em Alcobaça.
Para relembrar Nicolau e Trindade, poderá o leitor consultar, neste blog, o texto “Nicolau e Trindade – o Benfica – Sporting dos Anos Trinta”.

Seguem-se algumas fotografias para que todos possamos relembrar esta Tertúlia:



segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço III


O Nosso Balanço

3 – As Tertúlias: Abílio Gil Moreira

Teve lugar em 28 de Outubro e contou com a presença do filho Arq.º Carlos Alberto Gil Moreira, a quem agradecemos.

Foi uma noite de grandes recordações, aqui e ali vivida também com alguma emoção.

Numa primeira intervenção Gil Moreira falou do pai e relembrou o Homem que muitos conhecemos, pessoa inteligente, sensível, organizada. E vieram à baila as capacidades que o notabilizaram no ciclismo, onde foi praticante de grande nível, representando o Benfica, clube no qual ombreou com José Maria Nicolau e outros de grande valia.

Mais tarde foi tudo no ciclismo: jornalista, treinador, estudioso, fabricante e comerciante.

A sala foi-se entusiasmando a pouco e pouco e, à medida que Gil Moreira ia exibindo recordações (livros, apontamentos, dedicatórias, objectos) cada uma dos presentes reviveu a imagem daquele que foi uma das maiores figuras do ciclismo português.

Fechando com chave de ouro, o anfitrião, Dr. Jorge Pereira de Sampaio, fez a proposta de que fosse atribuído o nome de Abílio Gil Moreira a uma das ruas de Alcobaça o que mereceu a aprovação de todos os presentes e vai ser levado às instâncias competentes.

Segue-se uma pequena resenha para relembrar quem foi o Abílio Gil Moreira e algumas fotografias para recordarmos a Tertúlia:

Abílio Gil Moreira nasceu a 13 de Junho de 1907, sendo, portanto, um ano mais velho que os seus colegas e rivais, os conhecidos Nicolau e Trindade, com quem conviveu.

Desde pequeno conviveu com muitos dos pioneiros do Ciclismo em Portugal o que foi decisivo no seu bem conhecido amor pela modalidade.

Aos 17 anos já estava a competir em provas oficiais e mais tarde, durante longos anos, a descrever e a criticar a modalidade em jornais e revistas diversas.

Concluímos este apontamento com um texto extraído, com a devida vénia, do livro “A História do Sport Lisboa e Benfica em Duas Rodas”, de onde são também extraídos a caricatura e a fotografia que apoia o texto.

Foi um dos corredores de melhor preparação técnica, em várias épocas, a começar por 1931, em que conquistou e ajudou a conquistar numerosos triunfos:

Vencedor das provas clássicas da União Velocipédica em 1931, a Volta dos Campeões da Figueira da Foz em 1932; vitória na Taça dos Inválidos do Comércio, Volta a Portugal em miniatura com 6 etapas; vencedor da Lisboa – Cascais – Lisboa; vencedor da prova Alcanena – Alcobaça e grande prémio da Vila Moreira; dezasseis vitórias em provas de pista, nomeadamente, campeonato regional “horas à americana”; critério internacional, provas de velocidade pura e de perseguição, duas vitórias sobre Rolos…

Estas foram algumas das suas vitórias individuais, muitas foram também as vitórias colectivas do Benfica das quais fizeram parte, dezasseis triunfos, formando equipa com José Maria Nicolau e Carlos Domingos Leal.

Gil Moreira após abandonar o ciclismo como atleta encontrou novas formas de servir o ciclismo: como jornalista e dirigente.

Como jornalista acompanhou a Volta à França em bicicleta no ano de 1946, especialmente convidado pelo jornal L’Equipe, sendo assim o primeiro jornalista a ter honra de acompanhar a Volta a França, tendo feito reportagens para: Mundo Desportivo e Diário de Notícias, e de camisola ainda como jornalista a sua presença na Volta a Espanha, e na Volta a Itália realizando reportagens para Mundo Desportivo, Diário de Notícias, Diário de Lisboa e Diário Popular.

Deve-se ainda, à iniciativa de Gil Mreira a ida do primeiro ciclista Português (Alves Barbosa) à Volta à França em 1953. Como técnico deu treinos às equipas de ciclismo do Moscavide e do Águias de Alpiarça.

Foi por seu alvitre que se construiu a pista de ciclismo de Alpiarça que ainda hoje existe.

Director técnico da equipa da “Iluminante”, primeira equipa profissional existente em Portugal.

Autor do livro “ABC do Ciclismo” publicado em 1964 visando a aprendizagem da modalidade. EM 1980 é editada a obra de Gil Moreira “A História do Ciclismo Português”.

Após este relato é necessário acrescentar as palavras do jornalista Carlos Pinhão em 1987:

Era um senhor, tomou a peito o ciclismo, estudou-o e fez dessa paixão o seu modo de vida, estabeleceu-se com uma empresa de bicicletas e foi técnico de ciclismo, seleccionador nacional, dirigente, organizador, jornalista, foi tudo o que se poderia ter sido no nosso ciclismo.”

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço II


O “Porto – Lisboa”
O Nosso Balanço
2 – As Tertúlias: Ribeiro da Silva
A primeira das 4 tertúlias teve lugar em 25/10/2008, dia da abertura da II Semana do Ciclismo em Alcobaça. Ribeiro da Silva, falecido há 50 anos foi o tema da tertúlia. O local, como sempre, o “Café Tertúlia”.
Entre os presentes contavam-se quatro sobrinhos de Ribeiro da Silva, bem como o irmão Fernando e um dos grandes amigos Nelson Lopes que se deslocaram propositadamente a Alcobaça.
Foi uma tertúlia muito animada onde se falou dos feitos de Ribeiro da Silva mas, sobretudo, de quem ele era como pessoa, dos seus defeitos e virtudes.
Foram exibidos, pelos familiares e pelo amigo, alguns objectos pessoais, fotografias e cartas por ele escritas que muito enriqueceram a tertúlia.
Todos ficámos a conhecer melhor quem foi Ribeiro da Silva e sobretudo considerámos que foi oportuno e importante recordá-lo. Aos familiares e sobretudo ao irmão Fernando e ao amigo Nelson Lopes agradecemos tudo o que de novo nos trouxeram. Para a sobrinha Maria João Silva vai um agradecimento muito especial pela ajuda que nos deu, obtendo os materiais para a exposição e ainda pela presença e intervenção na tertúlia! Aquele abraço, Maria João!
Ribeiro da Silva merecia, a nosso ver, que, no 50º aniversário da sua trágica morte, alguém mais importante que o Alcobaça Clube de Ciclismo se lembrasse dele e fizesse uma homenagem nacional àquele que, tendo competido apenas até aos 22 anos de idade, conseguiu ser um dos cinco ou seis mais importantes ciclistas portugueses de sempre. Para recordação dos presentes e inveja dos que lá não estiveram incluímos algumas fotografias da tertúlia.


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo



De Portugal - 50 Anos de Ciclismo


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo
De Portugal - 50 Anos de Ciclismo

(acima: aspectos da sala, vendo-se, na Mesa, 1ª foto, Maria João Silva, Timóteo de Matos e Nelson Lopes)
Para que todos melhor possam conhecer Ribeiro da Silva e, com a devida vénia, deixamos uma pequena biografia retirada de um opúsculo, editado pela Fundação “A LORD”, bem com algumas fotografias do ciclista.
RIBEIRO DA SILVA, UM CAMPEÃO LORDELENSE
José Manuel Ribeiro da Silva, conhecido entre os amigos pela alcunha de “quarta-feira”, nasceu em Lordelo, lugar de Soutelo, em 16 de Fevereiro de 1935. Cresceu no seio de uma família numerosa, sendo o do meio de um conjunto de oito irmãos.
Seguindo de perto a referência que sobre o ciclista faz a publicação comemorativa dos 75 anos do Académico Futebol Clube, vemos que começou cedo a trabalhar. Com 10 anos trabalhava já na fábrica de móveis de seu pai, em Frazão, freguesia limítrofe do concelho de Paços de Ferreira e vizinha de Lordelo.
Mas o gosto pelo desporto, muito especialmente pelo ciclismo, também começa a entusiasmá-lo desde muito cedo. No entanto, apenas aos 15 anos começa a entrar em provas desportivas, mas só aos 17 participa na sua primeira corrida oficial, na categoria de populares: em Pinheiro Manso (Porto), tendo conseguido classificar-se entre os cinco primeiros concorrentes. Participou depois na corrida “Porto – Trofa”, em que obteve também uma excelente classificação. Continuou a progredir e a correr. Participa também numa prova em Valongo onde conseguiu obter um avanço de 8 minutos em relação ao seu rival mais próximo, ainda na categoria de populares.
Começou então a tentar inscrever-se num clube onde pudesse treinar e aprender mais sobre a modalidade que praticava. Não conseguiu alistar-se no Futebol Clube do porto, mas em 1953 o Académico Futebol Clube recebeu-o e apoiou-o, tendo obtido com isso, enormes vitórias.
Nesse mesmo ano, no Campeonato Regional de Juniores ganhou duas das três provas, e só não venceu a primeira por ter dado uma queda, já dentro da pista do estádio do “Lima”. Nessa época as provas eram ganhas por pontos e não por tempos, o que levou a que não tenha conquistado um Campeonato Regional. Assim, nesse mesmo ano passou à categoria de Independente no clássico “Porto – Lisboa”, classificando-se em 9º lugar.
No ano seguinte obteve o 2º lugar no Campeonato Nacional de Ciclismo e nesse mesmo ano surge o convite para participar na “Volta a Pontevedra”, prova onde confirmou as suas qualidades, como grande ciclista em estrada e montanha, tendo-se classificado em 5º lugar e vencido o Prémio da Montanha da referida Volta. Aqui se bateu com o já consagrado ciclista Loronõ, e de outros grandes ciclistas espanhóis. Inicia-se assim a sua divulgação internacional.
Nesse mesmo ano vence o Circuito de Paços de Ferreira.
Em 1955, com apenas 20 anos, obteve várias vitórias:
Campeão Regional de Fundo, Vencedor do Circuito de Santo Tirso, 2º Classificado nos Campeonatos Regionais de Velocidade e vencedor absoluto da “Volta a Portugal”, obtendo o 3º lugar no Prémio da Montanha.
No ano seguinte, em 1956, fica em 2º lugar na “Volta a Portugal”. Em 1957, com apenas 22 anos de idade, consegue um dos momentos mais brilhantes da sua curta carreira, ao vencer a prova “Paris – Evreux”, integrada na “Volta a França”, uma das mais importantes a nível internacional, e que consistia em correr uma distancia de 160 kms. Correu a uma média horária de 41,379 Kms. Nesta prova, vence o famoso Tourmalet. De referir que Anquetil, o vencedor da volta, foi rebocado no Tourmalet e Aubisque por Ribeiro da Silva, quando se sentia em dificuldades. A imprensa estrangeira fez largas apreciações a este desportivismo de Ribeiro da Silva. Participaram também nesta corrida os portugueses: Alves Barbosa e Artur Coelho.
Continua a sua carreira brilhante, e torna-se Campeão Regional de Estrada, vencedor do Prémio da Montanha da “Volta a Pontevedra”, classificando-se à frente dos famosos Trueba e Bahamontes. Nesta prova participaram também vários portugueses, entre os quais Alves Barbosa e Luís Gonzaga.
É também o 1º estrangeiro na “Volta a Espanha”, classificando-se no 4º lugar. Durante a corrida Ribeiro da Silva sofreu de várias pequenas enfermidades, mas prosseguiu com coragem.
Nesta “Volta a Espanha” participaram também os seguintes ciclistas portugueses: Alves Barbosa, Carlos Carvalho, João Marcelino, Joaquim Carvalho, Sousa Santos, Agostinho Ferreira, José Firmino, Artur Coelho e Manuel Graça.
De todos estes ciclistas, apenas chegaram ao fim Ribeiro da Silva, Alves Barbosa, Agostinho Ferreira, que foi intitulado como o Campeão da coragem, dadas as condições em que correu quase sempre, o mais penosamente que é possível conceber-se. À chegada ao Porto, a população consagrou Ribeiro da Silva e Agostinho Ferreira, recebendo-os apoteoticamente. Em 1957, o Académico consegue vencer a “Volta” colectivamente, tendo Ribeiro da Silva ganho a Volta e o Prémio da Montanha. Ribeiro da Silva estabelece novo recorde da Volta, que teve a duração de dezoito dias.
Percorreram-se 2.694 Kms, tendo Ribeiro da Silva vencido com 80h 22m. Ribeiro da Silva venceu, também, o Prémio da Montanha com 36 pontos.
Por deliberação de 12 de Junho de 1957, a Associação de Ciclismo do Norte galardoou José Manuel Ribeiro da Silva, com a medalha de ouro.
A 9 de Abril de 1958 morre Ribeiro da Silva, com 23 anos, vítima de um brutal acidente de viação, na recta de Lagoas, Lousada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Nosso Balanço

O "Porto - Lisboa"

O Nosso Balanço
1 - Introdução

Terminada a festa, arrumada a casa, escorraçado o "stress", retomadas as forças com o S. Martinho e as castanhas, importa agoa fazer um balanço desta 2ª edição da festa "PORTUGAL - 50 ANOS DE CICLISMO":

Positivo o encontramos, pois, malgrado as imperfeições, os erros, as omissões, parece-nos ter valido a pena o esforço. Mesmo quando, como foi o caso, tivesse havido quem o não tenha compreendido e talvez o devesse ter feito.

O Alcobaça Clube de Ciclismo é um clube pequeno e sem meios. Abalançámo-nos a esta iniciativa conscientes das dficuldades que se nos iriam deparar e elas existiram efectivamente, mas também muitos apoios foram bem reais. Não só económicos. Também as palavras, a colaboração, os incentivos nos sensibilizaram.

E valeu a pena. A "pedrada no charco" pode não ter resultado plenamente. Mas a festa encheu de alegria alguns dos homenageados. O sorriso de satisfação de alguns deles, o brilhozinho nos olhos, foi para nós compensação bastante de todos os esforços feitos.

Um reparo à imprensa desportiva nacional: Ignorar um evento desta natureza não é prestigiante, tanto mais que foram feitos diversos comunicados à imprensa. Só o "Jornal do Ciclismo" publicou um texto sobre a festa. Para a imprtância do acontecimento parece-nos pouco.

Uma palavra de apreço aos jornais da região que muito colaboraram na divulgação dos diversos momentos da festa. E, também, à PGM que fez, na SportTV, e vai fazer, na RTP Memória, um excelente trabalho de divulgação do ciclismo, dando a este acontecimento a importância que julgamos merecer.

Concluímos esta pequena nota de introdução com a informação de que nos dias seguintes iremos  fazer, em diversos apontamentos, o balanço de todas as actividades que decorreram em Alcobaça no âmbito desta festa. Esteja atento.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

OS TEXTOS DOS NOSSOS CONVIDADOS

Guita Júnior é um Jornalista a quem o ciclismo muito deve. A cobertura de 47 Voltas a Portugal e o excelente livro “História da Volta” guindam-no à companhia daqueles que muito e bem escreveram em Portugal sobre o ciclismo.
Convidado a intervir no nosso colóquio, não hesitou. E fê-lo com brilhantismo, como sempre. Publicamos, de seguida, devidamente autorizados, a sua intervenção e daqui lhe enviamos “aquele abraço”.

VAMOS RESSUSCITAR
O “PORTO – LISBOA”!...
EM DUAS ETAPAS

Alcobaça assistiu durante décadas à passagem da caravana do “Porto – Lisboa” e uma das edições, a de 1982, teve aqui o seu termo devido a um protesto da população por o clube local de futebol ter sido impedido de subir de divisão.


Quando o “Porto – Lisboa” passava em frente do Convento, esse dia era, todos os anos, um dia de festa, que fazia parte das tradições desta terra, que deve a sua paixão pelo ciclismo ao saudoso Gil Moreira.


Mas desde há quatro anos que essa tradição se quebrou, deixando um vazio nos hábitos das gentes de Alcobaça, que mantiveram, contudo, o seu entusiasmo pelo ciclismo como se demonstra pelo dinamismo da actividade do clube local.

*******

A clássica “Porto – Lisboa” morreu em 2004, depois de uma existência algo conturbada, mas com mais momentos felizes do que menos bons.

Nasceu em 1911, com a vitória de um estrangeiro, o francês Charles George, e deu o último suspiro com um português no pódio, o nosso contemporâneo Pedro Soeiro. Entre um e outro realizaram-se nada menos de 74 edições.

A sua história conheceu vário interregnos, uns devido a crises de natureza financeira, outros em consequência das guerras.

Realizadas as primeiras duas edições, em 1911 e 1912, as duas capitais do país só voltaram a ligar-se por esta popular manifestação desportiva seis anos depois, em 1918, com Joaquim Dias Mais, sucessor de Larangeira Guerra, a dra sequencia à primeira série de 35 vitórias de portugueses, interrompida em 1967 e 1968 pelos belgas Godefroot e Eric Leman.

O “Porto – Lisboa” esteve ausente nos anos de 1919 a 1921, 1923, 1929 a 1931, 1943 a 1948, 1950 e 1955, para a partir de 1956 prosseguir a sua existência até 2004, depois de dois anos antes ter experimentado, sem êxito, um figurino nada condizente com o espírito que levou à sua criação, transformado em prova por etapas e em estafetas.

Entre 1956 e 2001, o “Porto – Lisboa” conheceu a sua maior série de edições consecutivas, nada menos de 45, a que se juntam as de 2003 e 2004, pois a de 2002, pelo sistema em que foi disputado, não deverá considerar-se na lista da clássica de um dia, mas sim na lista da clássica de dois dias que vier a ser criada.

Além de Charles George (1911), de Godefroot (1967) e Eric Leman (1968), os outros vencedores estrangeiros foram o russo Oleg Logviin (1992), o brasileiro Cássio Freitas (1996), o búlgaro Atanas Petrov (1998) e os espanhóis Melchor Mauri (2000), que baixou o recorde para 7h 56m 27s, e Unai Yus, que apenas ficou a seis segundos daquela marca. Portanto, apenas oito estrangeiros inscreveram os seus nomes na lista dos vencedores do “Porto – Lisboa”.

Passando em revista essa lista, o destaque vai para Fernando Mendes que, com a camisola do Benfica, averbou três triunfos consecutivos nos anos de 1971, 72 e 73.

Também com três vitórias aparecem:
João Francisco (Campo de Ourique e Belenenses), em 1927, 28 e 33;
José Maria Nicolau (Benfica), em 1932, 34 e 35;
e Alexandre Rua (Coelima e FC Porto), em 1980, 82 e 84,

… a de 1982 com a particularidade, como já disse, da prova ter sido interrompida à passagem por Alcobaça.

O “Porto – Lisboa” foi, portanto, a maior clássica do ciclismo português, prova da qual se orgulham todos os amantes do ciclismo, ao longo de quase um século, que se completará daqui por três anos.

Bem se pode dizer que o “Porto – Lisboa” foi o precursor da Volta a Portugal, criada 16 anos mais tarde.

É certo que, no seu figurino original, o “Porto – Lisboa” não poderia continuar antes do mais pela sua quilometragem que ultrapassa em muito o que os regulamentos internacionais permitem.

No entanto, penso que seria possível mantê-la disputada em dois dias, com a possibilidade de se alterar o local intermédio com a chegada a uma localidade e a partida de outra, e quilometragem entre os 150 e os 170 Km.

É uma proposta que, certamente, não deixará de merecer a reflexão de quem de direito para corrigir um erro e fazer ressuscitar uma corrida que deve merecer o respeito e o carinho que é devido a tudo o que são símbolos de um passado da história desta modalidade desportiva.

GUITA JÚNIOR
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PS: É bom que se ponham os olhos no que, neste particular, se passa no estrangeiro, na longevidade de um “Paris – Roubaix” (261 km), criado em 1896,
num “Liége – Bastogne – Liége” (258,5 km), criado em 1892,
ou no Milão – Turim (199 km), que existe desde 1876,
para citar apenas três exemplos, da França, Bélgica e Itália.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Quem Passa Por Alcobaça...

JOSÉ LUÍS PACHECO

Iniciou a actividade em 1967, tendo abandonado em 1978.
Como amador de 2ª, foi campeão regional e nacional de rampa, campeão regional e nacional de perseguição por equipas em pista e campeão de perseguição em pista.
Como amador de 1ª foi campeão regional de fundo e campeão regional e nacional de contra-relógio por equipas.
Foi, ainda, como profissional, campeão regional e nacional de contra-relógio por equipas.
Participou em muitas provas ganhando algumas delas.
Na Volta a Portugal obteve o 5º lugar na geral em 1969 entre outras boas classificações.
Representou a Selecção Nacional nos Campeonatos do Mundo de Estrada Leicester (1970) e em Mendrizio.

Foi um dos ciclistas forçados a parar, em Alcobaça, no Porto-Lisboa de 1982 e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Quem Passa Por Alcobaça...

BENEDITO FERREIRA

Foi um ciclista de muita garra o que fazia que tentasse muitas fugas e ganhasse algumas corridas na sua longa carreira que decorreu nos anos 70 e 80.
Na Volta a Portugal participou em diversas edições tendo ganho uma etapa em 1980 e obtido o 7º lugar na geral em 1982 e o 2º na Volta de 86 onde foi portador da Camisola Amarela.

Foi um dos ciclistas forçados a parar, em Alcobaça, no Porto-Lisboa de 1982 e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Quem Passa Por Alcobaça...

FERNANDO FERNANDES

Ciclista de rendimento muito regular, representou as principais equipas nos anos 80.
Ganhou diversas provas tendo tido excelentes desempenhos em Grandes Prémios e outras provas de regularidade.
Na Volta a Portugal ganhou 1 etapa em 1981 tendo obtido na classificação geral, de diversas Voltas 2 terceiros lugares, um sexto, um nono e 1 décimo.

Foi um dos ciclistas forçados a parar, em Alcobaça, no Porto-Lisboa de 1982 e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Quem Passa Por Alcobaça...

FERNANDO VALENTE

Fernando Manuel Gonçalves Valente nasceu em 14/08/1965, na freguesia de Miragaia, concelho de Porto.
Iniciou a sua carreira no ano de 1982 e terminou-a no ano de 1992.
Representou as equipas do Alfena, Rio Tinto, Soutense, Gulpilhares, Sicasal/Torreense, Ruquita Philips, Calbrita/Lousa e W52/Felgueiras/Quintanilha.
Foi vencedor de várias etapas e diversos grandes prémios.
Para além disso ganhou o Circuito Muralhas de Évora (1991) e o Circuito do Cartaxo (1989).
Foi ainda vencedor da Camisola Azul (Prémio da Montanha) no Grande Prémio Jornal de Notícias (1992), vencedor da Camisola Verde (Pontos) no Grande Prémio Costa Azul (1990) e vencedor da Camisola Rosa (Metas Volantes) na Volta ao Algarve (1990).
Para além do Porto-Lisboa, que venceu, (1989), obteve ainda um 2º lugar (1991) e um 6º (1990).

Ganhou o Porto - Lisboa em 1989, com a camisola do Sicasal/Torreense e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Quem Passa Por Alcobaça...

AZEVEDO MAIA

Alfredo Azevedo Maia nasceu em 30/12/1937, na freguesia de Vilar do Pinheiro, concelho de Vila do Conde.
Iniciou a sua carreira no ano de 1955 e finalizou-a no ano de 1965.
Representou as equipas do F.C.Porto; Union Sportive Franco Belge.
Ganhou muitas provas em Portugal, tendo sido Campeão Nacional em várias classes.
Foi quarto classificado na Volta a Portugal.
Integrado na Selecção Nacional, participou em 2 Voltas a Marrocos.
Em França ganhou a 4ª Etapa no Ronde de Flandres e ganhou o Grand Prix Epernan e o Grand Prix Gretz S. Laing.

Ganhou o Porto - Lisboa em 1961, com a camisola do F. C. Porto e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

“O PORTO-LISBOA” - VENCEDORES

A história do Porto-Lisboa é muito longa e não vamos contá-la agora aqui. Não há tempo, nem o espaço é aconselhável. Para quem quiser conhecer um pouco mais desta clássica do ciclismo nacional aconselha-se a consulta da seguinte bibliografia:
- Gil Moreira, “A História do Ciclismo Português” - Edição do Autor;
- UVP/FPC - Cem Anos de Ciclismo – Edição da UVP/FBC.
Se não conseguir encontrar estes livros pode comprá-los na nossa FEIRA DO LIVRO, que decorrerá conjuntamente com a Exposição “Reminiscências do Ciclismo”, na Sala das Conclusões do Mosteiro de Alcobaça.
Se quer mesmo ficar a saber tudo sobre a História do Porto-Lisboa, então o melhor que tem a fazer é ir ao Colóquio/Debate, que terá lugar no dia 1 de Novembro às 16 horas na Sala dos Monges do Mosteiro de Alcobaça, com um elenco de luxo na Mesa:
Moderador: Macário Correia.
Oradores:
Mário Lino - O Primeiro Porto-Lisboa;
Guita Júnior - História do Porto-Lisboa;
Leonel Miranda - histórias e episódios do Porto-Lisboa no seu tempo;
Joaquim Gomes - histórias e episódios do Porto-Lisboa no seu tempo.

Ah!, não pode mesmo ir, nem ao colóquio nem à exposição?! então sempre lhe vou deixar aqui um rápido apontamento para o ajudar:

Vencedores da Clássica Porto-Lisboa:

Ano - Vencedor - País - Clube

1911 - Charles George - França - Louletano
1912 - Laranjeira Guerra - Portugal - Sporting
1913 - Joaquim Dias Maia - Portugal - Progresso
1923 - José Conceição - Portugal - Bombarralense
1924 - José Conceição - Portugal - Bombarralense
1925 - Aníbal Carreto - Portugal - Conimbricense
1926 - Aníbal Carreto - Portugal - Conimbricense
1927 - João Francisco - Portugal - Campo de Ourique
1928 - João Francisco - Portugal - Campo de Ourique
1932 - José Maria Nicolau - Portugal - Benfica
1933 - João Francisco - Portugal - Belenenses
1934 - José Maria Nicolau - Portugal - Benfica
1935 - José Maria Nicolau - Portugal - Benfica
1936 - Alfredo Trindade - Portugal - Sporting
1937 - João Brás - Portugal - Campo de Ourique
1938 - Filipe de Melo - Portugal - Sporting
1939 - Ildefonso Rodrigues - Portugal - Sporting
1940 - Alfredo Oliveira - Portugal - Benfica
1941 - Francisco Inácio - Portugal - Sportimg
1942 - Eduardo Lopes - Portugal - Iluminante
1949 - Fernando Moreira - Portugal - F.C.Porto
1951 - Amândio Cardoso - Portugal - F.C.Porto
1952 - Luciano Sá - Portugal - F.C.Porto
1953 - Luciano Sá - Portugal - F.C.Porto
1954 - Américo Raposo - Portugal - Sporting
1956 - Fernando Henrique Silva - Portugal - Sangalhos
1957 - Sousa Santos - Portugal - F.C.Porto
1958 - Carlos Carvalho - Portugal - F.C.Porto
1959 - Mário Sá - Portugal - F.C.Porto
1960 - Pedro Polainas - Portugal - Sporting
1961 - Azevedo Maia - Portugal - F.C.Porto
1962 - Antonino Batista - Portugal - Sangalhos
1963 - João Roque - Portugal - Sporting
1964 - Alcino Rodrigo - Portugal - Benfica
1965 - José Pacheco - Portugal - F.C.Porto
1966 - Joaquim Leão - Portugal - F.C.Porto
1967 - Walter Godefroot - Bélgica - Flandria
1968 - Eric Leman - Bélgica - Flandria
1969 - Emiliano Dionísio - Portugal - Sporting
1970 - Joaquim Leite - Portugal - F.C.Porto
1971 - Fernando Mendes - Portugal - Benfica
1972 - Fernando Mendes - Portugal - Benfica
1973 - Fernando Mendes - Portugal - Benfica
1974 - Leonel Miranda - Portugal - Sporting
1975 - Fernando Vieira - Portugal - Benfica
1976 - Venceslau Fernandes - Portugal - Sangalhos
1977 - Flávio Henriques - Portugal - Sangalhos
1978 - José Luís Pacheco - Portugal - Lusotex
1979 - Manuel Gonçalves - Portugal - Campinense – Loulé
1980 - Alexandre Rua - Portugal - Coelima
1981 - José Amaro - Portugal - F.C.Porto
1982 - Alexandre Rua - Portugal - Lousa – Trinaranjus *
1983 - Marco Chagas - Portugal - Mako Jeans
1984 - Alexandre Rua - Portugal - F.C.Porto
1985 - Vítor Rodrigues - Portugal - Bombarralense
1986 - Carlos Santos - Portugal - Lousa
1987 - Américo Silva - Portugal - Sporting
1988 - José Xavier - Portugal - Louletano
1989 - Fernando Valente - Portugal - Sicasal – Torreense
1990 - Joaquim Andrade - Portugal - Sicasal – Torreense
1991 - Paulo Pinto - Portugal - Sicasal – Campocarne
1992 - Oleg Lokvin - Russia - Feirense
1993 - Rui Bela - Portugal - W 52 Quintanilha
1994 - Paulo Ferreira - Portugal - Sicasal – Acral
1995 - Jorge Henriques - Portugal - Bom Petisco – Tavira
1996 - Cássio Freitas - Brasil - Recer – Boavista
1997 - Cândido Barbosa - Portugal - Maia – Cin
1998 - Atanas Petrov - Bulgária - Gresco – Tavira
1999 - Quintino Rodrigues - Portugal - Benfica
2000 - Melchor Mauri - Espanha - Benfica
2001 - Unai Yus - Espanha - Cantanhede – M.Marialva
2003 - Pedro Soeiro - Portugal - Carvalhelhos – Boavista
2004 - Pedro Soeiro - Portugal - Carvalhelhos – Boavista
* O "Porto - Lisboa" de 1982 foi interrompido em Alcobaça, tendo sido considerado vencedor o primeiro classificado no sector "Porto - Coimbra".

OS TEXTOS DOS NOSSOS CONVIDADOS

A propósito da festa “PORTUGAL – 50 ANOS DE CICLISMO” de 2006, escreveu o meu amigo José Alberto Vasco no seu blog http://nasfaldasdaserra.blogspot.com o texto que aqui me autorizou, agora, a reproduzir e que se refere mais pormenorizadamente à paragem forçada do “Porto-Lisboa” em Alcobaça, no dia 10 de Junho de 1982.
As razões que levaram os alcobacenses a impedir a continuação da prova ficam pois aqui expressas:


O DIA EM QUE ALCOBAÇA TRANSFORMOU O PORTO-LISBOA EM PORTO-ALCOBAÇA!
Em plena II Semana do Ciclismo, em Alcobaça, lembrámo-nos de aqui recordar uma nossa postagem de 30 de Outubro de 2006, lembrando o dia 10 de Junho de 1982, data em que a população de Alcobaça interrompeu, em pleno Rossio a prova ciclística Porto-Lisboa. Essa foi uma época desportiva muito confusa em Alcobaça, dado que o Ginásio havia então conseguido, pela primeira e única vez na sua História, subir à então I Divisão do Campeonato Nacional de Futebol. A subida tinha sido conseguida, dentro das quatro linhas, alcançando a pontuação para esse efeito necessário na Zona Cento do Campeonato Nacional da II Divisão, tendo os últimos pontos para esse efeito necessário sido conseguidos em Maio daquele ano, num renhido jogo disputado contra o Beira-Mar, no Estádio Municipal de Alcobaça. O único problema então criado, e o caso não era para menos, era o de essa subida do Ginásio à I Divisão implicar directa e inapelavelmente o impedimento (desportivo) de o Clube Académico de Coimbra (então descendente directo da histórica Académica) conseguir também essa proeza. Numa época em que a falta de seriedade desportiva campeava já nos campeonatos portugueses de futebol, o Conselho Técnico da Federação Portuguesa de Futebol e o próprio Académico tudo fizeram então para que a situação se modificasse. Para isso bastaria que se repetisse um jogo anteriormente empatado pelos conimbricenses, que ganhando esse jogo ultrapassariam o Ginásio no 1º lugar do campeonato, impedindo a subida que desportivamente conquistara.
O caso era grave e os alcobacenses não estiveram então com meias medidas, tratando então de tentar fazer ver os seus pontos de vista a todo o país e evitar a todo o custo a tramóia que então contra si preparavam, sendo curioso e oportuno referir que o faziam apoiados pelo então Presidente da Câmara, Rui Coelho, e por muitas outras importantes personalidades locais. Alcobaça acabou nesse ano por vencer também fora das quatro linhas e conseguir evitar que fosse decidida a repetição do tal jogo cujo resultado (se favorável ao Académico) impediria a sua subida directa à I Divisão. De entre todas as acções então empreendidas por um enorme grupo de alcobacenses a mais marcante e mediática desenrolou-se a 10 de Junho de 1982, feriado nacional, data em que se verificava mais uma edição da quase mítica prova velocipédica Porto-Lisboa, cuja passagem por Alcobaça constituia um dos seus pontos mais relevantes e populares. Nesse mesmo dia, realizou-se em pleno Rossio uma espécie de Assembleia Geral Extraordinária do Ginásio e de Alcobaça, na qual se destacaram muitos discursos de inflamada resistência pelos direitos desportivos dos alcobacenses. Naquela que terá sido a mais concorrida assembleia de sempre em Alcobaça acabou por ser decidido, por aclamação, que nesse dia o Porto-Lisboa se transformaria em Porto-Alcobaça e que aquela apreciada competição velocipédia seria pura e simplesmente interrompida (de vez!) no Rossio de Alcobaça. Assim se decidiu e assim (logo) se fez, tendo-se então começado a barricar estradas e passeios do centro da cidade com o que havia à mão e principalmente com alguns milhares de indignados alcobacenses! O resto da história já se sabe e ainda se recorda, e não haveria mais jogos nem alteração da classificação do Campeonato Nacional da II Divisão dessa época. Confirmou-se assim a subida do Ginásio à I Divisão, onde permaneceu apenas uma época, e se é verdade que esse feito do Ginásio acabou por não apresentar grandes resultados futuros, também é verdade que dessa vez ninguém conseguiu fazer os alcobacense passarem por parvos!
É claro que quem pagou as favas de tudo aquilo foram os ciclistas e essa edição do Porto-Lisboa, que ali morreu por uma boa causa, renascendo no ano seguinte, para gáudio de todos os que nesta terra e neste país se deliciam com o ciclismo e os seus heróis!

OS TEXTOS DOS NOSSOS CONVIDADOS

Há dois anos, pedi ao meu amigo Dr. Rui Rasquilho, então Director do Mosteiro de Alcobaça, a propósito da festa “PORTUGAL – 50 ANOS DE CICLISMO”, um texto relativo às suas reminiscências do ciclismo. O texto que escreveu e que então publiquei fazia sentido então e faz muito mais sentido agora já que focava o “Porto-Lisboa”. E não por acaso, certamente já que para todos nós vivíamos em Alcobaça, era o “Porto-Lisboa” a única prova que passava à nossa porta.
Aí vai pois, de novo, o texto, com um abraço ao Dr. Rui Rasquilho.

Reminiscências
O Porto/Lisboa
O Porto/Lisboa é a prova ciclista que continua mais viva nas minhas recordações.

Em cada ano, no domingo aprazado, saía de casa a correr e ficava a aguardá-los na Praça Afonso Henriques sob a sombra dos plátanos.
Do grupo veloz, guardo na memória a profusão de cores e um ruído único, uma revoada de correntes e pedais atravessando o ar.
Os homens curvados olhavam em frente e empurrados pelas palmas da multidão, curvavam para o Rossio como se fossem um corpo único.
À tarde era a minha vez de rolar na bicicleta verde, sem aplausos, mas com um merecido copo de água, bebido ao balcão do Baú.

Quem Passa Por Alcobaça...

CÂNDIDO BARBOSA

Cândido Barbosa nasceu em 31/12/1974, na freguesia de Rebordosa, concelho de Paredes.
Iniciou a sua carreira no ano de 1996, mantendo-se ainda em actividade.
Representou as equipas do W52 Paredes-Móvel; Maia-Cin; Banesto; L.A. Alumínios / Pecol; Bombarral; Liberty Seguros e S.L. Benfica.
Ganhou praticamente todas as provas que em Portugal havia para ganhar, faltando-lhe a Volta a Portugal, onde, no entanto, ganhou já 21 Etapas e foi muitas vezes portador da Camisola Amarela, tendo obtido dois segundos lugares na Geral. Ultrapassou as 100 Vitórias na carreira, sendo que obteve várias em Espanha.
No início era considerado um “Sprinter”, característica que mantém, sendo hoje também um dos melhores ciclistas portugueses, quer na Montanha, quer no Contra-Relógio.
Foi também Campeão Nacional, quer em Contra-Relógio, quer em Estrada.
De destacar que em 1996 foi Campeão Europeu de Esperanças.

Ganhou o Porto - Lisboa em 1997, com a camisola do Maia/Cin e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Quem Passa Por Alcobaça...

FLÁVIO HENRIQUES

Flávio dos Reis Henriques nasceu em 22/02/1954, na freguesia de S. João de Ver, concelho de Santa Maria da Feira.
Iniciou a sua carreira no ano de 1968 e finalizou-a no ano de 1980.
Representou as equipas do Grupo Desportivo Fogueira; Ambar; Safina; Sangalhos e Coimbrões.
Foi um corredor que obteve vitórias muito significativas na sua carreira:
Campeão Nacional de Pista (Perseguição) em 1972 e Campeão Nacional por Equipas, também em 1972.
Entre outros venceu o Grande Prémio “Duas Rodas” (actual Abimota).
Na Volta a Portugal, ganhou etapas em Loulé (1976), Mondim de Basto (1976), Penhas da Saúde isolado com cerca de 6 minutos de avanço sobre o 2º (1977) e Mealhada (1977).

Ganhou o Porto - Lisboa em 1977, com a camisola do Sangalhos e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quem Passa Por Alcobaça...

CARLOS SANTOS

Carlos Manuel Francisco dos Santos nasceu em 11/01/1958, na freguesia de Cova da Piedade, concelho de Almada.
Iniciou a sua carreira no ano de 1975 e finalizou-a no ano de 1990.
Representou as equipas do S.C.Pinheiro de Loures; S.L.Benfica; Lousa-Trinaranjus; Tavira; F.C.Porto; Sporting C.P.; Lousa-Akai; Sicasal; Louletano/Vale do Lobo; Carnide e Salgueiros.
Um dos bons “sprinters” da sua geração, ganhou muitas etapas em Grandes Prémios e na Volta a Portugal.
Foi Vice-Campeão Nacional de Ciclo-Cross (1977), Campeão Nacional por Equipas (F.C.Porto) e Campeão Nacional Individual de Ciclo-Cross (1983) e de Fundo (1984). Ganhou a Volta a Gaia (1985).
Em 1980, integrado na Selecção Nacional, foi vencedor do Grande Prémio Internacional de Caracas.
Na Volta a Portugal, foi vencedor, 3 vezes, da Classificação por Pontos (1983-1985-1986) e vencedor por 3 vezes da Classificação de Metas Volantes (1982-1983-1986).

Ganhou o Porto - Lisboa em 1986, com a camisola do Lousa e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Quem Passa Por Alcobaça...

ANTÓNIO FERNANDES

António Alberto Domingues Fernandes, nasceu em 22/02/1957, na freguesia de Perosinho, concelho de Vila Nova de Gaia.
Iniciou a carreira no ano de 1974, tendo-se retirado em 1990 e durante estes anos representou o Coimbrões, Sangalhos, F.C. Porto, Isuzu, Olhanense Bombarral, Sporting, Sicasal e Orima/Cantanhede.
O irmão do meio de três excelentes ciclistas: Venceslau, António e José (este prematuramente falecido). “Defendia-se” bem quer na montanha, quer a rolar ou até como “sprinter”.
Ganhou várias corridas, entre as quais várias etapas em Grandes Prémios e na Volta a Portugal.
Foi vencedor do Prémio da Montanha na Volta a Portugal em 1982 e, em 1976 obteve o 2º lugar na classificação geral individual.
Venceu, em 1986 a clássica da Charneca e, em 1980 obteve um honroso 3º lugar na 7ª etapa de um dos mais famosos Critérios de França: o Dauphiné Libere.

Foi um dos ciclistas forçados a parar, em Alcobaça, no Porto-Lisboa de 1982 e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Quem Passa Por Alcobaça...

JOAQUIM ANDRADE

Joaquim Adrego Pereira Andrade nasceu em 16/08/1969, na freguesia de Sangalhos, concelho de Anadia.
Iniciou a sua carreira no ano de 1989.
Representou as equipas do Sicasal; Feirense; Boavista; Maia; Gondomar; Cantanhede; Tavira; Riberalves/Alcobaça e Fercase/Paredes.
Ganhou imensas provas, salientando-se os seguintes resultados, na sua longa carreira: Vitória na Volta ao Algarve, Volta às Termas de S. M. Feira (2 vezes), Grande Prémio Lacticoop, Volta aos Sete da Marinha Grande (2 vezes), Grande Prémio Abimota, Clássica Primavera, Volta ao Alentejo, Grande Prémio da Estremadura e Grande Prémio de Gondomar.
Internacionalmente, entre outras provas, participou na Volta ao Luxemburgo (13º), Volta à França do Futuro (27º), Tour Poitou Charentes (1º).
Na Volta a Portugal do Futuro de 1993, classificou-se em 2º lugar.
Participou em 20 edições da Volta a Portugal, tendo ganho várias etapas e obtido duas classificações finais, nos 10 primeiros: 10º lugar (1994) e 7º lugar (1995).
Foi Campeão Nacional de Pista (Perseguição Individual) em 1990 e 1991, Campeão Nacional de Contra-Relógio em 2002 e 2003, e Campeão Nacional de Fundo em 2005 ao serviço do Alcobaça Clube de Ciclismo.

Ganhou o Porto - Lisboa em 1990, com a camisola do Sicasal/Torreense e será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!

Ele deu muito ao Ciclismo

Mário Lino


Mário Lino da Conceição Silva nasceu em Caldas da Rainha, no dia 15 de Outubro de 1947.

Estudioso da História de Portugal e do Desporto, tem vindo a publicar algumas obras de que se destacam: “Figuras e Factos da História do Desporto Caldense”, “O Cine-Teatro Pinheiro Chagas e o Salão Ibéria – duas Memórias das Caldas”, “Louriçal – Imagens da Freguesia”, “José Tanganho na Volta a Portugal”, “2006 – O Ano de Alves Barbosa”(Opúsculo) e “De Pombal à Redinha – Na Rota do Mito Napoleónico”.

No ano de 2006, em colaboração com a Câmara Municipal de Pombal, comissariou a Recriação Histórica “O Combate da Redinha”.

Foi o criador e mantém-se como responsável do Museu do Ciclismo nas Caldas da Rainha tendo, ao longo dos anos, organizado diversas exposições em que o ciclismo é o tema.

É sobretudo conhecido pelo Caldas-Badajoz que envolve, há muitos anos, uma organização complexa com muitas centenas de ciclistas num passeio inesquecível.

Dos inúmeros galardões recebidos, contam-se entre outros:

- Medalha de Mérito Desportivo da Câmara Municipal de Caldas da Rainha;

- Medalha de Ouro da Cidade, atribuída pelo Município Caldense em 1999.

Em 2004, por unanimidade do Pleno do Ex.mo Ayuntamiento da Vila Espanhola de La Albuera, foi-lhe atribuído o título de “Filho Adoptivo” daquela Vila Histórica do País vizinho.

Por tudo o que tem feito pelo ciclismo, é, muito justamente, um dos nosssos homenageados no próximo dia 1 de Novembro.

sábado, 25 de outubro de 2008

Quem Passa Por Alcobaça...

Eric Leman

Eric Leman foi um dos grandes ciclistas belgas no decurso da sua carreira iniciada em 1967 e que terminou em 1977.
Ao longo desta carreira conquistou 66 vitórias, 40 segundo lugares e 36 terceiros em países como a Bélgica, Espanha, França, Luxemburgo, Portugal e Itália.
Foi vencedor de etapas ou provas no “Dauphiné Liberé”, no “Porto – Lisboa”, na “Volta à Andaluzia”, na Ronde van Vlaanderen, no “Paris – Nice” ou na “Volta a Espanha”.
Foi campeão belga por equipas e individual.

Ganhou o Porto - Lisboa em 1968, com a camisola do Flândria será um dos nossos homenageados.
Por isso...

Não passa sem cá voltar!