quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Nosso Balanço VII

Exposição "Reminiscências do Ciclismo"

Conforme anunciado, foi inaugurada na manhã do dia 25 de Outubro do ano transacto, com a presença de José Vinagre, Vereador do Desporto do Município de Alcobaça e do “Homem do Dia”, Marco Chagas. Estiveram ainda presentes outros convidados, entre os quais Maria João Silva e Fernando Silva, sobrinha e irmão de Ribeiro da Silva.


O coordenador, Timóteo de Matos, em breves palavras explicou as razões desta exposição, sua designação e localização: “Reminiscências do Ciclismo” foi a designação escolhida para abarcar os diversos temas ali focados. A Sala das Conclusões do Mosteiro de Alcobaça foi escolhida por sugestão do anterior Director do Mosteiro de Alcobaça, Dr. Rui Rasquilho, que, além dessa, deu à organização, muitas outras sugestões preciosas. Fundamentais foram ainda a direcção e conselhos de Mário Lino, responsável do Museu do Ciclismo, que cedeu gratuitamente considerável parte dos materiais expostos e dos próprios expositores.


Usaram ainda da palavra Marco Chagas e José Vinagre, demonstrando ambos o seu apreço pela iniciativa, após o que foi declarada aberta a exposição, iniciando-se então a visita, durante a qual o responsável da organização referiu e detalhou cada um dos temas expostos:

- A abrir, uma mostra de livros dedicados ao ciclismo que, simultaneamente, constituía a Feira do Livro, onde estavam expostos, e à venda, os principais títulos disponíveis nos livreiros, e ainda outros já esgotados, exibindo-se, ainda, edições de autor hoje fora do mercado e muito difíceis de encontrar;


- Carlos Carvalho, com exposição de fotografias e a bicicleta com que, há 50 anos, ganhou o Porto-Lisboa;


- Nicolau e Trindade, com dois cartazes de grande dimensão, relembrando a sua amizade e o fair-play no desporto;

- Alves Barbosa e Ribeiro da Silva, rivais e amigos, com exibição de fotografias e jornais, evocando as suas proezas em Portugal, Espanha e França;

- O Porto-Lisboa, com três secções distintas: a primeira, documentando fotograficamente o primeiro Porto-Lisboa; a segunda, relembrando a interrupção em Alcobaça em 1982, com exibição de fotografias e jornais da época; a terceira, sobre as diversas edições da prova, utilizando, como materiais preferenciais, jornais e, sobretudo, camisolas e bicicletas que vencedores e outros ciclistas usaram na prova.


- Finalmente, a ultima secção relembrava, com muitas fotografias e jornais, a festa “Portugal -50 Anos de Ciclismo” de 2006, encontrando-se ainda expostos o prato, a medalha e o filme desse evento.

A exposição constituiu um êxito assinalável e no espaço de uma semana contou com mais de mil visitantes.
A organização agradece:
- A cedência de materiais, à Fundação A Lord, ao Filipe Carvalho, ao Núcleo Sportinguista e à Casa do Benfica do Cartaxo, e, ainda, a todos os ciclistas que cederam bicicletas e camisolas e, particularmente, ao Museu do Ciclismo cujos materiais constituíram parte significativa da exposição;
- A colaboração na obtenção de materiais à Maria João Silva e, na montagem ao Mário Lino e ainda aos dois elementos da comissão, responsáveis pela exposição, o João Evangelista, que correu a todo o lado, e o José Carlos que, com a colaboração da esposa e da filha, tornaram possível, não só pôr a exposição de pé, como ainda torná-la melhor em muitos pequenos pormenores;
- Aos funcionários do Município de Alcobaça que, de uma sala aparentemente inutilizável, fizeram uma sala deslumbrante .
- E, finalmente, à Directora do Mosteiro, Drª Cecília Gil, ao IGESPAR e muito especialmente à Câmara Municipal de Alcobaça e ao Vereador do Desporto, José Vinagre, inexcedível em todo o apoio que lhe foi solicitado.
Fica ainda uma fotografia que dá ideia da grandiosidade e beleza daquela que foi a exposição “Reminiscências do Ciclismo”.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Nosso Balanço VI

O HOMEM DO DIA

Com uma assistência reduzida (cerca de 30 pessoas) mas muito interessada, foi no domingo de 26 de Outubro passado, exibido o filme o”O Homem do Dia”, mais uma iniciativa integrada na “II Semana do Ciclismo em Alcobaça”, que teve lugar no Auditório da Biblioteca, muito gentilmente cedido, para o efeito, pelo Município de Alcobaça a quem agradecemos.
Trata-se de um filme realizado nos finais dos anos cinquenta, com muitos dos defeitos e virtudes de boa parte dos congéneres dessa época, sendo apenas de lamentar que as cópias existentes se encontrem em mau estado.
Apesar de tudo é um filme que vale a pena ser visto e que gira à volta do ciclismo, apresentando muitas cenas reais de provas da época, onde podemos recordar, para além de Alves Barbosa, o protagonista, alguns outros grandes ciclistas da época, como João Marcelino, Pedro Polainas, José Firmino e Manuel Graça. Ribeiro da Silva é, também, outro dos grandes ciclistas da época, recordado neste filme.
Outros actores bem conhecidos fazem parte do elenco: Maria Dulce (vinda propositadamente de Madrid para as filmagens) que contracena com o “galã”, Alves Barbosa e, ainda, entre outros, Elita Martos, Armando Cortez, Costinha, Camilo de Oliveira, Mário Pereira, Alina Vaz e Alice Maria.
O filme começa com um Porto-Lisboa (perfeitamente adequado ao tema da nossa festa) e termina com uma chegada ao Porto, num longo sprint entre Pedro Polainas e Alves Barbosa.
Foram momentos bem passados por todos os que, numa noite de muito frio quiseram estar presentes, sendo bem visível a emoção de um deles, Fernando Vieira, no momento em que foi exibida a entrada no Estádio de Alvalade e disputada ao sprint uma chegada de um Porto-Lisboa da época, prova que também ele viria a ganhar em 1975. A quem não viu, aconselha-se que veja este filme que nos enche a alma e nos deixa com alguma nostalgia dos tempos em que o ciclismo tinha tal força que conseguia ser o tema central de um filme com um elenco de luxo na época. Nem mesmo o futebol jamais conseguiu, em Portugal, tal feito.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

OS TEXTOS DOS NOSSOS CONVIDADOS

O texto que hoje publicamos foi-nos enviado pelo Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa do Ciclismo, Eng. Macário Correia.
Para além de muitas outras actividades a que se dedica, sempre com rigor, é o Eng. Macário Correia uma pessoa com mais méritos no ciclismo do que muitos ciclistas profissionais.
Agradecemos a simpatia das palavras que nos enviou sobre a Festa "PORTUGAL – 50 ANOS DE CICLISMO", e ainda, muito especialmente, a sua habitual disponibilidade para estar connosco, e dirigir superiormente os debates que organizamos.
Daqui lhe enviamos um grande abraço e os desejos de que a próxima época do "seu" Tavira volte a ter os melhores êxitos desportivos.
O ciclismo heróico

 Durante quase 100 anos, entre as duas principais cidades do país, fez-se muito pela história do ciclismo português.
O sacrifício, a dor e a capacidade de resistência daqueles heróis marcam-nos de modo impressionante.
Nas últimas edições, já as regras de preparação, de alimentação e de apoio eram razoáveis, mas nos primeiros tempos, correr de noite, às apalpadelas, por estradas enlameadas, sem pavimentos, com bicicletas arcaicas, era obra de uma admirável capacidade.
Nos tempos modernos, já não se enquadra nos regulamentos internacionais uma prova desta natureza. É compreensível e aceitável.
Todavia, com a ligação feita em duas etapas, se surgir quem a queira organizar, em calendário adequado, será certamente de bom grado recebida. Mas, nos tempos que correm, não será fácil.
A cidade de Alcobaça, o seu clube de ciclismo e o seu dinâmico Presidente, Dr. Timóteo de Matos, estão de parabéns, por terem conseguido deslocar ao evento comemorativo tão ilustres participantes.
Campeões de várias gerações mataram saudades, lembraram episódios alegres e momentos de sacrifício feitos, por alguns deles várias vezes, desde a Praça da Batalha até à Avenida da Liberdade.
Saber reunir com boa disposição, com dignidade e com a devida homenagem prestada às nossas referências históricas, a todos orgulha.
O ciclismo é, com estes exemplos, seguramente uma das mais bonitas e populares modalidades desportivas.
Todos sentimos prazer e orgulho em também fazermos parte desta família.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço V




O Nosso Balanço
5 – As Tertúlias: O ciclismo em Alcobaça
Foi esta, como já era esperado, a tertúlia mais participada, quer em número de presenças, quer no número de intervenções dos presentes. Fernando Vieira era o “Homem do Dia” nesta sexta-feira da “II Semana do Ciclismo em Alcobaça” e nessa qualidade esteve presente na mesa.
Também na mesa, Timóteo de Matos, Presidente do Clube, abriu a sessão com breve introdução sobre o tema desta sessão, ao mesmo tempo que anunciava a presença na sala de duas pessoas muito especiais: o Presidente da Real Federação Espanhola de Ciclismo, Fulgêncio Sanchez, e Maria Soares, esposa do antigo director do Benfica, José Soares, já falecido, que durante anos chefiou o departamento de ciclismo daquele clube. Passou de seguida a palavra a Fernando Vieira que historiou a sua carreira no Benfica e a sua vinda para Alcobaça onde, com Timóteo de Matos, iniciou o ciclismo a sério, com uma equipa de Seniores B, patrocinada pela Nutrigado, no fim dos anos 70 e início dos anos 80.
A assistência interveio com perguntas para melhor saber como tinha Fernando Vieira conhecido a esposa, Margarida Vieira, presente na sala, e como era a vida de um casal em que o marido se dedica durante tanto tempo ao ciclismo.
A intervenção de Margarida Vieira colheu muitos aplausos sobretudo ao concluir com: “ tudo isto se deve ao grande amor que temos um pelo outro”! Outro dos grandes momentos da noite foi a intervenção de Maria Soares relembrando os tempos em que ela e o marido suportavam quase tudo no ciclismo do Benfica, desde o avançar de dinheiro até ao levantar de madrugada para fazer panelões de comida para os ciclistas. E a sala aplaudiu e emocionou-se quando, para terminar, se dirigiu a Fernando Vieira:
“- Anda cá meu malandro, anda cá, que te quero dar um grande abraço!”
Foram depois, pela noite, relembrados outros episódios: a interrupção do “Porto – Lisboa” em Alcobaça em 10 de Junho de 1982, cuja história é contada noutros textos deste blog, as edições do Circuito de São Bernardo, um do melhores e mais concorridos circuitos do País, e os anos mais recentes do ciclismo em Alcobaça, primeiro com a Associação Alcobacense de Cultura e Desporto e depois com o Alcobaça Clube de Ciclismo.
A sala voltou a entusiasmar-se e a aplaudir quando o Presidente da Real Federação Espanhola de Ciclismo, Fulgêncio Sanchez, dirigiu a todos algumas palavras de incentivo, agradecimento e aplausos, referindo a dado momento: “Hoje o ciclismo está bem vivo e estará sempre, enquanto pessoas como estas teimarem em transmitir aos outros o entusiasmo com que o vivemos”.
Continuou, ainda, a sessão, com entusiasmo e em festa e prolongou-se pela noite com a PGM a tomar declarações e imagens para exibição na televisão. A dado momento entrou na sala, acabado de chegar do aeroporto, Eric Leman, ciclista belga que em 1968 ganhou o “Porto – Lisboa” e houve ainda tempo para uma cerveja entre amigos e oportunidade para um alegre convívio e mais dois dedos de conversa.
Desta tertúlia, a todos os títulos memorável, ficam algumas fotografias e fica aqui também, mais uma vez, o agradecimento ao Dr. Jorge Pereira de Sampaio e aos pais pela amável cedência daquele espaço tão bonito que é a sala de café do Café Tertúlia, onde sempre tão bem nos receberam.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço IV


O Nosso Balanço
4 – As Tertúlias: Nicolau e Trindade


Decorreu na 4ª feira, 29 de Outubro. A organização temia uma participação menor já que, por circunstâncias diferentes, quer Ana Maria Nicolau, quer José Trindade, filhos, respectivamente, de José Maria Nicolau e de Alfredo Trindade, não puderam estar presentes.


Mas correu exactamente ao contrário. Após breve introdução, feita pelo coordenador da Organização, Timóteo de Matos, resumindo a actividade desportiva dos dois ciclistas, entrou-se num debate vivo sobre o fair-play no desporto e ainda sobre o ciclismo em Portugal, até à actualidade.

Não ficaram de fora as preferências clubísticas e recriou-se na sala um Benfica – Sporting bem jogado em palavras, sempre bem disposto, onde talvez tenham levado a melhor os apaniguados do Nicolau por disporem do Diamantino Faustino e do Rui Alexandre dois elementos muito aguerridos, enquanto da outra parte, o José Carlos, estando na mesa usou de maior contenção e o José Félix também não se mostrou com grande propensão para disputas renhidas.

Fernando Vieira, antigo ciclista e treinador do Benfica, teve também duas ou três intervenções onde explicou a diferença entre o ciclismo antigo e o actual.

Encerrou-se a sessão havendo muito mais a acrescentar já que, com o avançar da noite, se foi entrando no preâmbulo do tema da Tertúlia seguinte, o ciclismo em Alcobaça.
Para relembrar Nicolau e Trindade, poderá o leitor consultar, neste blog, o texto “Nicolau e Trindade – o Benfica – Sporting dos Anos Trinta”.

Seguem-se algumas fotografias para que todos possamos relembrar esta Tertúlia:



segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço III


O Nosso Balanço

3 – As Tertúlias: Abílio Gil Moreira

Teve lugar em 28 de Outubro e contou com a presença do filho Arq.º Carlos Alberto Gil Moreira, a quem agradecemos.

Foi uma noite de grandes recordações, aqui e ali vivida também com alguma emoção.

Numa primeira intervenção Gil Moreira falou do pai e relembrou o Homem que muitos conhecemos, pessoa inteligente, sensível, organizada. E vieram à baila as capacidades que o notabilizaram no ciclismo, onde foi praticante de grande nível, representando o Benfica, clube no qual ombreou com José Maria Nicolau e outros de grande valia.

Mais tarde foi tudo no ciclismo: jornalista, treinador, estudioso, fabricante e comerciante.

A sala foi-se entusiasmando a pouco e pouco e, à medida que Gil Moreira ia exibindo recordações (livros, apontamentos, dedicatórias, objectos) cada uma dos presentes reviveu a imagem daquele que foi uma das maiores figuras do ciclismo português.

Fechando com chave de ouro, o anfitrião, Dr. Jorge Pereira de Sampaio, fez a proposta de que fosse atribuído o nome de Abílio Gil Moreira a uma das ruas de Alcobaça o que mereceu a aprovação de todos os presentes e vai ser levado às instâncias competentes.

Segue-se uma pequena resenha para relembrar quem foi o Abílio Gil Moreira e algumas fotografias para recordarmos a Tertúlia:

Abílio Gil Moreira nasceu a 13 de Junho de 1907, sendo, portanto, um ano mais velho que os seus colegas e rivais, os conhecidos Nicolau e Trindade, com quem conviveu.

Desde pequeno conviveu com muitos dos pioneiros do Ciclismo em Portugal o que foi decisivo no seu bem conhecido amor pela modalidade.

Aos 17 anos já estava a competir em provas oficiais e mais tarde, durante longos anos, a descrever e a criticar a modalidade em jornais e revistas diversas.

Concluímos este apontamento com um texto extraído, com a devida vénia, do livro “A História do Sport Lisboa e Benfica em Duas Rodas”, de onde são também extraídos a caricatura e a fotografia que apoia o texto.

Foi um dos corredores de melhor preparação técnica, em várias épocas, a começar por 1931, em que conquistou e ajudou a conquistar numerosos triunfos:

Vencedor das provas clássicas da União Velocipédica em 1931, a Volta dos Campeões da Figueira da Foz em 1932; vitória na Taça dos Inválidos do Comércio, Volta a Portugal em miniatura com 6 etapas; vencedor da Lisboa – Cascais – Lisboa; vencedor da prova Alcanena – Alcobaça e grande prémio da Vila Moreira; dezasseis vitórias em provas de pista, nomeadamente, campeonato regional “horas à americana”; critério internacional, provas de velocidade pura e de perseguição, duas vitórias sobre Rolos…

Estas foram algumas das suas vitórias individuais, muitas foram também as vitórias colectivas do Benfica das quais fizeram parte, dezasseis triunfos, formando equipa com José Maria Nicolau e Carlos Domingos Leal.

Gil Moreira após abandonar o ciclismo como atleta encontrou novas formas de servir o ciclismo: como jornalista e dirigente.

Como jornalista acompanhou a Volta à França em bicicleta no ano de 1946, especialmente convidado pelo jornal L’Equipe, sendo assim o primeiro jornalista a ter honra de acompanhar a Volta a França, tendo feito reportagens para: Mundo Desportivo e Diário de Notícias, e de camisola ainda como jornalista a sua presença na Volta a Espanha, e na Volta a Itália realizando reportagens para Mundo Desportivo, Diário de Notícias, Diário de Lisboa e Diário Popular.

Deve-se ainda, à iniciativa de Gil Mreira a ida do primeiro ciclista Português (Alves Barbosa) à Volta à França em 1953. Como técnico deu treinos às equipas de ciclismo do Moscavide e do Águias de Alpiarça.

Foi por seu alvitre que se construiu a pista de ciclismo de Alpiarça que ainda hoje existe.

Director técnico da equipa da “Iluminante”, primeira equipa profissional existente em Portugal.

Autor do livro “ABC do Ciclismo” publicado em 1964 visando a aprendizagem da modalidade. EM 1980 é editada a obra de Gil Moreira “A História do Ciclismo Português”.

Após este relato é necessário acrescentar as palavras do jornalista Carlos Pinhão em 1987:

Era um senhor, tomou a peito o ciclismo, estudou-o e fez dessa paixão o seu modo de vida, estabeleceu-se com uma empresa de bicicletas e foi técnico de ciclismo, seleccionador nacional, dirigente, organizador, jornalista, foi tudo o que se poderia ter sido no nosso ciclismo.”

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Nosso Balanço II


O “Porto – Lisboa”
O Nosso Balanço
2 – As Tertúlias: Ribeiro da Silva
A primeira das 4 tertúlias teve lugar em 25/10/2008, dia da abertura da II Semana do Ciclismo em Alcobaça. Ribeiro da Silva, falecido há 50 anos foi o tema da tertúlia. O local, como sempre, o “Café Tertúlia”.
Entre os presentes contavam-se quatro sobrinhos de Ribeiro da Silva, bem como o irmão Fernando e um dos grandes amigos Nelson Lopes que se deslocaram propositadamente a Alcobaça.
Foi uma tertúlia muito animada onde se falou dos feitos de Ribeiro da Silva mas, sobretudo, de quem ele era como pessoa, dos seus defeitos e virtudes.
Foram exibidos, pelos familiares e pelo amigo, alguns objectos pessoais, fotografias e cartas por ele escritas que muito enriqueceram a tertúlia.
Todos ficámos a conhecer melhor quem foi Ribeiro da Silva e sobretudo considerámos que foi oportuno e importante recordá-lo. Aos familiares e sobretudo ao irmão Fernando e ao amigo Nelson Lopes agradecemos tudo o que de novo nos trouxeram. Para a sobrinha Maria João Silva vai um agradecimento muito especial pela ajuda que nos deu, obtendo os materiais para a exposição e ainda pela presença e intervenção na tertúlia! Aquele abraço, Maria João!
Ribeiro da Silva merecia, a nosso ver, que, no 50º aniversário da sua trágica morte, alguém mais importante que o Alcobaça Clube de Ciclismo se lembrasse dele e fizesse uma homenagem nacional àquele que, tendo competido apenas até aos 22 anos de idade, conseguiu ser um dos cinco ou seis mais importantes ciclistas portugueses de sempre. Para recordação dos presentes e inveja dos que lá não estiveram incluímos algumas fotografias da tertúlia.


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo



De Portugal - 50 Anos de Ciclismo


De Portugal - 50 Anos de Ciclismo
De Portugal - 50 Anos de Ciclismo

(acima: aspectos da sala, vendo-se, na Mesa, 1ª foto, Maria João Silva, Timóteo de Matos e Nelson Lopes)
Para que todos melhor possam conhecer Ribeiro da Silva e, com a devida vénia, deixamos uma pequena biografia retirada de um opúsculo, editado pela Fundação “A LORD”, bem com algumas fotografias do ciclista.
RIBEIRO DA SILVA, UM CAMPEÃO LORDELENSE
José Manuel Ribeiro da Silva, conhecido entre os amigos pela alcunha de “quarta-feira”, nasceu em Lordelo, lugar de Soutelo, em 16 de Fevereiro de 1935. Cresceu no seio de uma família numerosa, sendo o do meio de um conjunto de oito irmãos.
Seguindo de perto a referência que sobre o ciclista faz a publicação comemorativa dos 75 anos do Académico Futebol Clube, vemos que começou cedo a trabalhar. Com 10 anos trabalhava já na fábrica de móveis de seu pai, em Frazão, freguesia limítrofe do concelho de Paços de Ferreira e vizinha de Lordelo.
Mas o gosto pelo desporto, muito especialmente pelo ciclismo, também começa a entusiasmá-lo desde muito cedo. No entanto, apenas aos 15 anos começa a entrar em provas desportivas, mas só aos 17 participa na sua primeira corrida oficial, na categoria de populares: em Pinheiro Manso (Porto), tendo conseguido classificar-se entre os cinco primeiros concorrentes. Participou depois na corrida “Porto – Trofa”, em que obteve também uma excelente classificação. Continuou a progredir e a correr. Participa também numa prova em Valongo onde conseguiu obter um avanço de 8 minutos em relação ao seu rival mais próximo, ainda na categoria de populares.
Começou então a tentar inscrever-se num clube onde pudesse treinar e aprender mais sobre a modalidade que praticava. Não conseguiu alistar-se no Futebol Clube do porto, mas em 1953 o Académico Futebol Clube recebeu-o e apoiou-o, tendo obtido com isso, enormes vitórias.
Nesse mesmo ano, no Campeonato Regional de Juniores ganhou duas das três provas, e só não venceu a primeira por ter dado uma queda, já dentro da pista do estádio do “Lima”. Nessa época as provas eram ganhas por pontos e não por tempos, o que levou a que não tenha conquistado um Campeonato Regional. Assim, nesse mesmo ano passou à categoria de Independente no clássico “Porto – Lisboa”, classificando-se em 9º lugar.
No ano seguinte obteve o 2º lugar no Campeonato Nacional de Ciclismo e nesse mesmo ano surge o convite para participar na “Volta a Pontevedra”, prova onde confirmou as suas qualidades, como grande ciclista em estrada e montanha, tendo-se classificado em 5º lugar e vencido o Prémio da Montanha da referida Volta. Aqui se bateu com o já consagrado ciclista Loronõ, e de outros grandes ciclistas espanhóis. Inicia-se assim a sua divulgação internacional.
Nesse mesmo ano vence o Circuito de Paços de Ferreira.
Em 1955, com apenas 20 anos, obteve várias vitórias:
Campeão Regional de Fundo, Vencedor do Circuito de Santo Tirso, 2º Classificado nos Campeonatos Regionais de Velocidade e vencedor absoluto da “Volta a Portugal”, obtendo o 3º lugar no Prémio da Montanha.
No ano seguinte, em 1956, fica em 2º lugar na “Volta a Portugal”. Em 1957, com apenas 22 anos de idade, consegue um dos momentos mais brilhantes da sua curta carreira, ao vencer a prova “Paris – Evreux”, integrada na “Volta a França”, uma das mais importantes a nível internacional, e que consistia em correr uma distancia de 160 kms. Correu a uma média horária de 41,379 Kms. Nesta prova, vence o famoso Tourmalet. De referir que Anquetil, o vencedor da volta, foi rebocado no Tourmalet e Aubisque por Ribeiro da Silva, quando se sentia em dificuldades. A imprensa estrangeira fez largas apreciações a este desportivismo de Ribeiro da Silva. Participaram também nesta corrida os portugueses: Alves Barbosa e Artur Coelho.
Continua a sua carreira brilhante, e torna-se Campeão Regional de Estrada, vencedor do Prémio da Montanha da “Volta a Pontevedra”, classificando-se à frente dos famosos Trueba e Bahamontes. Nesta prova participaram também vários portugueses, entre os quais Alves Barbosa e Luís Gonzaga.
É também o 1º estrangeiro na “Volta a Espanha”, classificando-se no 4º lugar. Durante a corrida Ribeiro da Silva sofreu de várias pequenas enfermidades, mas prosseguiu com coragem.
Nesta “Volta a Espanha” participaram também os seguintes ciclistas portugueses: Alves Barbosa, Carlos Carvalho, João Marcelino, Joaquim Carvalho, Sousa Santos, Agostinho Ferreira, José Firmino, Artur Coelho e Manuel Graça.
De todos estes ciclistas, apenas chegaram ao fim Ribeiro da Silva, Alves Barbosa, Agostinho Ferreira, que foi intitulado como o Campeão da coragem, dadas as condições em que correu quase sempre, o mais penosamente que é possível conceber-se. À chegada ao Porto, a população consagrou Ribeiro da Silva e Agostinho Ferreira, recebendo-os apoteoticamente. Em 1957, o Académico consegue vencer a “Volta” colectivamente, tendo Ribeiro da Silva ganho a Volta e o Prémio da Montanha. Ribeiro da Silva estabelece novo recorde da Volta, que teve a duração de dezoito dias.
Percorreram-se 2.694 Kms, tendo Ribeiro da Silva vencido com 80h 22m. Ribeiro da Silva venceu, também, o Prémio da Montanha com 36 pontos.
Por deliberação de 12 de Junho de 1957, a Associação de Ciclismo do Norte galardoou José Manuel Ribeiro da Silva, com a medalha de ouro.
A 9 de Abril de 1958 morre Ribeiro da Silva, com 23 anos, vítima de um brutal acidente de viação, na recta de Lagoas, Lousada.